Incertezas

sábado, 28 de janeiro de 2012


Fonte imagem: http://delonplanet.blogspot.com/2010/12/certeza-do-incerto.html


Achei necessário escrever esse post, pois creio que as mesmas dúvidas que tenho são as dúvidas da maior parte dos portadores de doenças reumáticas. Um estado de patologia deve ser avaliado não somente pela doença em si, mas pelos diversos fatores que estão relacionados a esse problema como moradia, condição social, financeiro, gênero, etc. Todos esses fatores são conhecidos como DSS (Determinante Sociais de Saúde), e são responsáveis pelo bem estar de uma sociedade.

Logo, podemos analisar que apesar das doenças reumáticas terem um impacto comum em maior parte das pessoas com esse estado patológico, esse grau poderá variar de indivíduo para indivíduo, pois os DSS em indivíduos com doenças crônicas tendem a no mínimo diminuir suas dores psicológicas levando-o a uma melhor qualidade de vida, sendo que, o oposto também poderá acontecer, levando a uma piora do seu quadro. Analisamos a partir daí que nem todo paciente de doenças reumáticas serão parecidos em seu modo de pensar e agir devido a diversos fatores internos (genética, outras doenças, psicológico, etc) e externos (meio em que vive, amigos, saneamento, etc) que influenciarão e sua melhora ou piora.

Um dos fatores fortes que é interessante citar é o gênero (Feminino e masculino), pois a Artrite Reumatóide, em sua maior parte, está presente em mulheres, logo, podemos generalizar de certa forma as reações desses indivíduos à doença, não esquecendo que existem outros determinantes que também podem ter influencia sobre seu estado patológico.

Apesar do fato de ser homem também portador, percebi que grande parte de minhas dúvidas e dores são idênticas a todos os outros portadores que são mulheres. É certo que o peso da doença sobre cada gênero muda devido a questões sexuais, pois a doença causa incapacidades e essas incapacidades parecem ter um impacto diferente no homem. Um homem, por exemplo, que sente dores intensas pode se abalar por se sentir incapaz de manter uma família, e uma mulher pode se sentir incapaz de ser uma mulher “normal” para um homem.

Existe um ponto em comum em qualquer portador de doenças reumáticas, que é um psicológico instável. Não importa seu grau de satisfação, o psicológico em algum momento sempre varia entre saudável e doente, mesmo que por períodos ínfimos de tempo. O interessante é que todos os pensamentos são tão ligados um ao outro que as pessoas com essa enfermidade parecem ser uma só.

Percebi medo do futuro, de não conseguir construir uma família; medo de não conseguir manter uma família financeiramente ou até mesmo devido as limitações; dúvidas relativas a gravidez, medo de não conseguir estabilizar-se economicamente, etc. O interessante é que o medo maior vem não necessariamente da artrite, mas de suas causas externas, do que ela pode fazer com o indivíduo socialmente. É lógico que ninguém quer adoecer, mas seu impacto social é tão imenso que seu impacto patológico se encobre.

Parece que a artrite reumatóide é uma doença de ação fisiológica, porém de acometimento psicológico. Logo posso dizer que uma saúde mental boa é um bom passo não para a cura, mas para uma melhora geral de doenças reumáticas, lembrando que o psicológico também tem ação fisiológica (mais especificamente ligado ao sistema imune), e que a artrite está intimamente associada a esse sistema. Concluímos então que tratar de doenças reumáticas vai além de tratar do corpo, mas também da mente, e isso não é papel somente do portador, mas do meio e da sociedade em que vive, sendo importante o papel da família, parentes e amigos.


Mauricélio G.S

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